Não há ouro aqui | 2022
65 kilos de terra sobre chão, esculturas em argila sem queima e folha de ouro
50x150x200cm
fotografias de João Cazzaniga
A obra parte da investigação acerca da construção da cidade de Sorocaba através do tensionamento entre território + corpo, questões norteadoras da minha pesquisa como artista visual. No século XVI, Araçoiaba da Serra (agora município de Sorocaba) era uma região de centralização de várias etnias indígenas e com a chegada dos movimentos das bandeiras das quais almejam adentrar pelo Brasil em busca de ouro e outros minérios iniciou-se naquela época a exploração de recursos naturais e consequentemente o apagamento dos povos que ali habitavam. Os bandeirantes que buscavam ouro, não o encontra, mas vê que a região possui minério de ferro e desenvolve os primeiros fornos para queima deste material dando origem mais adiante à primeira fábrica de fundição de ferro no Brasil (Fundição Ipanema) onde iniciaram-se os primeiros meios de comercialização na região.
A instalação “NÃO HÁ OURO AQUI” busca resgatar o contexto acerca da memória apagada. É muito fácil encontrar relatos na internet sobre a modernização da economia durante a exploração de recursos nesse período histórico da região de Sorocaba, mas pouco é abordado sobre a memória de um território que já havia sido desbravado antes da chegada dos bandeirantes, que resulta neste apagamento na história. As esculturas revestidas de um ouro falso e enterradas na terra escura, não retratam os valiosos objetos de troca que deram início à comercialização na época, mas representam o corpo-território que foi invadido, rasgado e apagado.
fotografia de João Cazzaniga
fotografias de João Cazzaniga