“Tudo se inicia por meio de uma inquietação…”
Essa frase é comum no dia a dia de Lucas Souza ao pensar sobre o processo de criação de seus trabalhos artísticos. Cecilia Almeida Salles, em seu livro Redes de Criação: construção da obra de arte (2006), deixa isso bem marcado ao escrever sobre os movimentos dos processos criativos, bem como as relações estabelecidas acerca das formas de desenvolver uma obra. Um ponto a deixar delimitado aqui é o fato de que uma obra de arte ou processo criativo nunca se finaliza, já que é um movimento que continua gerando sentido como se fosse uma flecha disparada ao infinito. Durante o percurso criativo podemos nos deparar com novas formas de pensamento e obstáculos a serem resolvidos durante a construção e desenvolvimento do trabalho. Portanto, ao desenvolver seus trabalhos, o artista não se prende apenas em uma única perspectiva de significado, mas procura ter um olhar cauteloso aos fenômenos que acontecem durante o processo sob uma perspectiva de infinitas possibilidades.
Composta por 26 obras do artista residente na cidade de Jundiaí, a exposição “Condições da Matéria” apresenta uma diversidade de produções, evidenciando questões e inquietações acerca de temas como corporeidade, peso, forma e mensuração. A matéria aqui apresentada por meio de pequenas esculturas em argila, desde seu estado sólido quando seco até o pó que representa sua condição mais volátil. Além disso, Lucas Souza apresenta novos questionamentos que vêm pesquisando em seus trabalhos, trazendo elementos de outras áreas para a concepção de novas obras. Ao utilizar ferramentas vindas da engenharia/arquitetura como níveis, prumos e papel milimetrado, o artista cria certo tensionamento entre matéria e mensuração, questionando-se sobre qual o peso dessa anatomia inventada desenvolvida por ele. As obras aqui apresentadas nos mostram um recorte escolhido pelo artista para compartilhar um pouco sobre novos olhares acerca da arte contemporânea por meio de suas experiências pessoais. São trabalhos que acompanham seu processo artístico inquieto, cíclico e sempre em constante transformação.